sábado, 31 de julho de 2010

Os Orixas de Umbanda



Oxalá.

O Pai maior na Umbanda
No Brasil, Oxalá adquire maior abrangência, especialmente na Umbanda, onde é sincretizado como Nosso Senhor Jesus Cristo ou Zambi - entidade suprema para os bantos, a qual por sua vez, é comparável ao Deus católico e ao Olorum iorubá.
Na Nigéria, Oxalá é um dos três avatares de Obatalá, ao lado de Oxalufã e Oxaguiã, que, a princípio, seriam duas entidades independentes, e não apenas "qualidades" de Oxalá como no Brasil. Aqui, Oxalá foi elevado ao mesmo nível hierárquico de Obatalá, que na África, era seu superior. O Obatalá dos nigerianos é uma entidade tão sublime que não costuma se incorporar para se comunicar com os humanos.
Nos altares de Umbanda é comum vermos a figura tranquilizadora do Cristo de braços abertos e não numa cruz, oferecendo seu amor e caridade indistintamente a todos. Sua cabeça aureolada emite a luz do conhecimento espiritual que esclarece questões e apazigua conflitos, abrandando o ardor dos espíritos inflamados. Paz na Terra às pessoas de boa vontade...
Oxalá como a autoridade Suprema na Umbanda. Ele é quem dá as ordens a todos os orixás para virem até a Terra ajudar seus filhos. Sua imagem é qualquer representação de Jesus Cristo, normalmente sem a Cruz.

Não há incorporação de Oxalá na Umbanda.

Cor: Branca.
Flor: Flores brancas em geral (rosas, lírios, cirsântemos, etc).
Guia: Contas de cristal transparente ou miçangas branca-leitosa.


Oxossi.

Oxossi, chefe dos caboclos, é sincretizado com São Sebastião".
São Sebastião, santo e mártir católico é apresentado rendido, amarrado e com flechas cravadas em seu corpo. A relação de S. Sebastião com Oxossi está no símbolo da flecha e do arco. Arquetipicamente, o caçador é aquele que penetra um espaço selvagem buscando algo que apenas será efetivamente validado quando ele voltar à sua comunidade (aldeia, vila ou cidade).
Senhor das matas e da caça. Oxóssi é chefe na linha dos caboclos. Detentor da sabedoria nas folhas da Jurema, Oxóssi é o orixá do trabalho (empregos) e da linha da cura. Muitos caboclos trabalham nessa linha, pelos seus conhecimentos contra as doenças terrenas. Por ser caçador, também é conhecido por suas vitórias contra as demandas. Oxóssi é raramente encontrado nos terreiros de umbanda, mas é muito bem representado pelos caboclos/caciques/índios da casa.

Cor: verde claro, verde folha ou verde bandeira.
Guia: contas de cristal verdes ou contas de cristal verdes e brancas.
Vestes : roupas verdes e brancas ou totalmente verdes. Usam o cocar que pode ser colorido ou totalmente verde.
Flores: samambaias, folhagens e flores em geral.
Local: Matas e florestas.


Xangô.

São Jerônimo, sincretizado com Xangô no Brasil, nasceu de uma família abastada, provavelmente no ano 331, na cidade de Stridova, entre a Croácia e a Hungria. Estudou em Roma, especializando-se na arte da oratória. Como sua juventude fora dedicada à vida mundana, Jerônimo tardou seu batizado e, em carta ao papa, ele vislumbrou para si um batismo de fogo no qual suas máculas seriam queimadas. Após ter copiado dois livros de Santo Hilário, ele decidiu estudar teologia. Mas sua leitura favorita continuava a ser a literatura dos grandes legisladores e oradores, como Cícero.
Aos 43 anos, ele esteve muito doente e permaneceu muito tempo acamado, durante a Quaresma, jejuou e teve visões, vendo-se diante do trono do Senhor.
Resolve dedicar-se a uma vida monástica, isolando-se no deserto de Marônia, na Síria. Livros, penas e nanquim são seus companheiros. Para combater a pensamentos impuros, pegava uma pedra e batia em seu peito, punindo-se... logo após voltava a escrever em hebraico, onde se tornou mestre nessa língua.
O sincretismo entre Xangô e São Jerônimo está no temperamento forte, crítico e na medida que ambos são conhecedores de leis e mandamentos. Xangô tem como lugar às pedreiras. Sua imagem é representada por um ancião sentado sobre as pedras, segurando a tábua dos 10 Mandamentos e com um leão ao lado. Xangô tem sua falange também, o mais conhecido é Xangô Kaô.
Na incorporação de Xangô podemos ver o médium curvado, como uma pessoa idosa e com os braços cruzados sobre o peito, batendo firmemente, assim como S. Jerônimo fazia com as pedras em seu peito para afastar os males da carne e a tentação do espírito.

Cor: Marrom.
Guia: Contas de cristal marrom escuro, com ou sem crucifixo de madeira.
Vestes: roupas de cor marrom e branca.
Local: Pedreiras.


Ogum.

Ogum na Umbanda é São Jorge, ou como os umbandistas chamam São Jorge Guerreiro. As lendas de S. Jorge remontam da época das Cruzadas; sua armadura foi levada da Capadócia para a Inglaterra, de onde é padroeiro. Segundo as lendas, ele teria sido um destemido guerreiro, um vencedor de batalhas, de dragões e protetor de fracos e oprimidos. Por sua personalidade forte de guerreiro, sendo conhecido pelos seus fiéis como "santo forte", "vencedor de demandas", "general da Umbanda", etc.
São Jorge é extremamente popular e, através de sua sincretização com Ogum, tornou-se o padroeiro da guerra e da tecnologia, simbolizando todo aquele que trabalha nas linhas de frente, abrindo novos caminhos e alargando fronteiras.
É fácil entender o porque da grandeza de Ogum, já que ele foi o escolhido, pelo Criador, para ser o comandante de todos os Imalés.
Ogum é o rei do ferro e protetor de todos os que venham a trabalhar com instrumentos metálicos. Conhecido e festejado na África como padroeiro da Agricultura.
Ogum é o orixá que vence demanda, que protege seus filhos e guarda sua casa. Ogum é um orixá que vira na esquerda, pois é chefe de Exu, pois enfrentou eles e obteve respeito dos mesmos, essa característica também pode ser percebida uma vez que seu nome aparece também em pontos cantados de Exu. Sua imagem é de São Jorge sobre o cavalo, mas também pode ser uma imagem de um Ogum especificamente (dependendo do terreiro).
Na Umbanda, Ogum continua comandante (Tata) e guerreiro invencível. Se na África seus sete nomes coincidem com os das sete cidades que formavam o reino de Irê, na Umbanda eles se tornaram as falanges que seguem :
a) Ogum Beira-Mar - age nas orlas marítimas
b) Ogum Iara - age nos rios
c) Ogum Rompe-Mato - age nas matas
d) Ogum Malê - age contra todo o mal
e) Ogum Megê - age sobre as almas
f) Ogum De Lei - age junto com a justiça
g) Ogum de Ronda - age nas ruas, do lado de fora das porteiras.
... e pra cada falange, atuando em uma região ou em conjunto com alguma força.
A incorporação de Ogum é fácil de se perceber: Seus filhos tomam uma forma militar com os ombros retos, peito estufado, andar ereto e com a mão ou dedo esticado acima da cabeça.
Cor: Vermelho e branco
Guia: contas de cristal vermelha e branca, dependendo da falange podem ter maior predominância de uma cor do que de outra.
Suas vestes: são roupas vermelhas e brancas, com uma capa vermelha. Fica a critério do médium o uso do capacete.
Planta: Espada de São Jorge
Flor: Palmas brancas e vermelhas
Local: Humaitá e campinas, beira de trilhos do trem.
Símbolos: espada e lança, além do escudo.
Saudação: Ogum Inhê meu pai! Patacorê Ogum!


Iemanjá.

Rainha do Mar, é um dos orixás mais conhecidos do Brasil. Senhora das águas, não há filho que não faça sua reverência ao por seus pés no mar. Iemanjá é Nossa Senhora da Imaculada Conceição na Umbanda. Iemanjá é conhecida nos terreiros pelo seu canto longo (outros dizem que é uma espécie de choro), suas mãos fazem movimentos para frente e para cima como se fossem ondas do mar. Iemanjá não tem uma falange especifica, porém em sua linha há as sereias e princesas do mar, conhecida por Janaína. Sua imagem é representada por uma mulher de cabelos compridos e negros, com um vestido azul comprido de mangas largas sobre as águas e com flores a sua volta, de suas mãos saem gotas de águas que mais se parecem com moedas (a riqueza do mar), na cabeça uma coroa que pode ter uma estrela no centro.
Iemanjá é, por excelência, um arquétipo da maternidade - generosa, vasta e poderosa como as águas oceânicas que cobrem a maior parte da superfície da Terra.
No Brasil, adorada com igual fervor por fiéis de Umbanda e Candomblé, ela foi alçada à posição de principal figura materna no panteão patriarcal iorubá, aquela que, de cuja união com Oxalá, gerou todos os outros orixás, tendo inclusive, perfilhado Omulu e Oxumaré, adotados da tradição Gegê.
Seu sincretismo com Nossa Senhora, a Virgem-mãe de Jesus Cristo, sugere a supremacia da função materna da mulher. Como Maria, o principal atributo de Iemanjá parece ser a compaixão. Seu reino espiritual é transbordante de perdão e amor incondicional, mesmos sentimentos que marcaram os sermões e curas milagrosas de Jesus nos primórdios da Era. Ela sempre tem ouvidos para escutar seus filhos que vem a Ela, ao qual sempre oferece seu colo para aconchego e consolo. Quando invocada, Iemanjá ajuda os fiéis levando embora seus sofrimentos emocionais para as ondas do mar sagrado.
Tal qual Maria, ela é bendita entre as mulheres por ter-se dedicado de corpo e alma à sagrada função da maternidade. Fechando seus olhos para as nossas faltas, ela roga (e chora) a Deus por todos e cada um de nós pelo nosso bem.

Cor: Azul ou Azul e Branco.
Guia: Contas de cristal azul ou contas de cristal azul e branca (maior predominância do azul).
Flores: Margaridas e rosas brancas e crisântemos brancos e azuis. Vestes: Vestido ou roupa azul, coroa azul e branca.
Local: Mar e Oceanos.


Oxum.

Oxum é o orixá da paz e da união; é a mãe benevolente que nos leva pela mão, para que passemos pela vida nessa Terra. Muitos são seus ensinamentos e todos são voltados para a confraternização. Esse orixá tem na beleza e elegância sua grande identidade. Oxum normalmente é sincretizada com diferentes Nossas Senhoras. No Recife, o povo a identifica como Nossa Senhora do Carmo, já no Rio como Nossa Senhora do Carmo e em São Paulo, como Nossa Senhora Aparecida.
Isso por que Oxum é o orixá regente das águas doces, dos rios e lagos, das cachoeiras. E como a imagem de Nossa Senhora foi encontrada no rio, o sincretismo foi feito.
Sua cor é o azul escuro, mas em muitos terreiros é o amarelo-ouro e ou roxo, isso por que a sereia das águas doces, que traz a felicidade, a saúde, o amor e conforto material aparece como a entidade daomeana Oxumaré/Bessen e então é chamada de "A Mãe do Ouro".
Oxum é sedutora, elegante, exala beleza e feminilidade. Ela foi uma das Três esposas de Xangô na lenda Iorubá. E a responsável pelos ciúmes exagerado de Obá.


Iansã.

Iansã/Oiá é um Orixá forte, determinada e impulsiva. Iansã tem a personalidade guerreira. Ela sempre luta por uma causa nobre e por justiça. Iansã, Senhora dos Ventos, Senhora das tempestades é rápida como eles e não fogem as demandas, sendo sempre muito destemida. É representada na Umbanda como Santa Bárbara, que na história abaixo mostra a determinação pela sua causa nobre.
A história de Santa Bárbara começa quando esta se recusa a casar-se com o homem escolhido por seu pai, Dióscoro. Ser esposa de Deus era sua escolha. Tamanha insubmissão ao poder patriarcal, por volta do ano 225, na antiga região da Nicomédia, também conhecida como Ásia menor, era considerada uma ofensa sem par. O pai encerra a filha numa torre e se ausenta. Ela então abre com os próprios dedos uma terceira janela numa das colunas de mármore de uma sala de banhos recém-construída. As águas da piscina tornam-se milagrosas, curando enfermidades. Não satisfeita, destrói os ídolos que seu pai adora. Seu nome torna-se conhecido por todos, multidões a seguem.
Dióscoro retorna e exige de Bárbara uma explicação. Ela o informa que as três janelas simbolizam a Santíssima Trindade e a morte de Cristo, de quem recebera os dons milagrosos. Não convencido o pai procura uma espada para matá-la e ela foge.
Mais tarde é entregue às autoridades religiosas locais a que a obrigam a abjurar sua nova crença. Ela nega e eles a torturam. Seu corpo é quase dilacerado, mas no outro dia seu corpo se apresenta novamente ileso perante o juiz Marciano, declarando que Jesus a tinha curado.
Rasgam-lhe a carne com instrumentos de ferro, queimam-na com tochas, golpeiam sua cabeça e por fim a obrigam a desfilar nua pela cidade. Quase sem forças, Barbara implora ao Senhor que lhe poupe desta vergonha... E um anjo desde dos céus e a cobre com uma capa de luz. Mesmo assim, ela é condenada a morrer decapitada e o seu pai se oferece como degolador. No mesmo momento em que seu pai ergue a espada, Barbara pede a Deus que aquele que invocasse na morte seu nome fosse salvo. Após executar a sentença, Dióscoro é fulminado por um raio na montanha enquanto descia juntamente com o juiz que a sentenciara.
Iansã é a rainha dos ventos e tempestades, na Umbanda também é reverenciada por Santa Bárbara ou como os umbandistas chamam A Virgem da Coroa. Iansã é a santa de expressão séria e de porte de guerreira, batalhadora e lutadora. Iansã na umbanda incorpora com expressão altiva e com o braço direito estendido para cima e com a mão direita a balançar, como se estivesse chamando os raios.Iansã pode aparecer na corrente tanto na sua própria linha como na linha de Iemanjá - adentrando assim na linha das águas. A imagem de Iansã no terreiro é a imagem de Santa Bárbara, ou seja, uma moça de cabelos claros com uma túnica vermelha por cima de um vestido amarelo, pode estar segurando um ramo ou uma espada.

Cor: amarelo-ouro
Guia: contas de cristal douradas (cuidado na compra para não levar marrom claro)
Vestes: Vestido, túnica e roupas douradas ou puxando o amarelo-ouro. Coroa dourada
Flores: crisântemos amarelos, rosas amarelas e todas as outras flores amarelas.
Local: Pedreiras